segunda-feira, maio 12, 2014

Bolo de vinho do Porto e canções visuais

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Port cake / Bolo de vinho do Porto

Algumas das minhas canções favoritas, além de serem ótimas no quesito musical, também me são bastante visuais – consigo imaginar as cenas conforme se passa a letra muito mais facilmente do que em outras canções, e é como fazer um videoclipe particular dentro da minha cabeça. :)

Por causa da riqueza dos detalhes, posso facilmente imaginar as ações retratadas nas letras de “Am I Right?”, “Say Hello, Wave Goodbye” ou “The Golden Path”, assim como é impossível não pensar em dois homens conversando quando Morten Harket canta o primeiro verso de “Manhattan Skyline”.

Entretanto, não me foi possível imaginar como seria um bolo com meia xícara de vinho fortificado na massa (neste as passas se encarregaram de “beber” praticamente todo o Marsala), por isso fiquei bem curiosa com a receita de bolo de xerez que vira na revista Delicious. Acabei fazendo a receita usando vinho do Porto e o resultado foi um bolo de sabor inusitado – mas não de um jeito frescurento – e tão macio que foi difícil cortá-lo.

Talvez não seja a praia de todo mundo, mas acho que é algo que vale a pena provar pelo menos uma vez, especialmente quando, ao se pensar em bolos, somente os sabores de sempre (limão, laranja, maçã) lhe veem à mente. ;)

Bolo de vinho do Porto
um nadinha adaptado da sempre fantástica revista Delicious UK

225g de farinha de trigo
1 ½ colheres (chá) de fermento em pó
1 colher (chá) de bicarbonato de sódio
1 pitada de sal
125g de manteiga sem sal, amolecida
125g de açúcar cristal
2 ovos
1 colher (chá) de extrato de baunilha
200ml de vinho do Porto Ruby
açúcar de confeiteiro, para polvilhar

Pré-aqueça o forno a 180°C. Unte com manteiga uma forma quadrada de 20cm, forre o fundo com papel manteiga, unte-o e depois enfarinhe tudo, removendo o excesso.
Em uma tigela média, misture com um batedor de arame a farinha, o fermento, o bicarbonato e o sal.
Na batedeira, bata a manteiga e o açúcar até obter um creme claro e fofo. Junte os ovos, um a um, batendo a cada adição (raspe as laterais da tigela ocasionalmente). Junte a baunilha.
Com uma espátula de silicone, gentilmente incorpore metade dos ingredientes secos, misturando de baixo para cima. Junte o vinho e o restante dos ingredientes secos e incorpore da mesma maneira (neste ponto eu não estava satisfeita com a consistência da massa e adicionei 20g de farinha de trigo).
Despeje a massa na forma preparada e asse por 35-40 minutos ou até que o bolo cresça e doure (faça o teste do palito).
Deixe esfriar na forma sobre uma gradinha. Desenforme com cuidado, remova o papel manteiga, transfira para um prato de servir e polvilhe com o açúcar de confeiteiro.

Rend.: 16 quadradinhos

sexta-feira, maio 09, 2014

Linguine com bolonhesa de legumes e porcini, simplicidade tranquila e complexidade contundente

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Linguine with porcini and vegetable bolognese / Linguine com bolonhesa de legumes e porcini

“Sweet Sixteen” não é a única canção que ouço cinco, seis vezes seguidas – tenho outras velhas favoritas, canções que para mim são tão perfeitas que aperto o botão repeat assim que começam a tocar.

Nem todas, entretanto, são simples como a linda criação de Billy Idol: há vezes em que tudo o que quero ouvir são os vocais poderosos de Marc Almond, amparados por aqueles arranjos vibrantes e nada discretos.

Amo “Loving You, Hating Me” (como alguns de vocês já sabem) e acho que a canção fica ainda mais fantástica em seu minuto e meio finais, com os arranjos enlouquecendo e a voz de Marc fazendo o mesmo – dependendo do meu humor tenho que tomar cuidado para não acompanhá-lo a plenos pulmões (o que pode ser complicado se houver gente por perto). :D

Há dias para a simplicidade tranquila de Billy e dias para a complexidade contundente de Marc, assim como há dias para o bom e velho molho à bolonhesa tradicional e dias para esta deliciosa versão vegetariana: demorei nove anos para convencer meu marido a comer cogumelos e foi assim que consegui – ele adorou o molho e ficou impressionado com o quão saboroso estava mesmo sem conter um grama sequer de carne. :)

Linguine com bolonhesa de legumes e porcini
um tiquinho adaptado da excelente Delicious Australia

- xícara medidora de 240ml

15g de cogumelos porcini secos
400g de linguine
2 cenouras pequenas, picadas grosseiramente
1 cebola grande, picada grosseiramente
200g de cogumelos-de-Paris
2 dentes de alho, picados grosseiramente
2 colheres (sopa) de azeite de oliva
1 punhado de manjericão fresco rasgado ou picado
2 colheres (sopa) de orégano fresco
½ xícara de molho de tomate – usei caseiro
½ xícara (120ml) de vinho tinto seco
3 colheres (sopa) de água
½ xícara de creme azedo (sour cream)*
parmesão ou pecorino ralado, para servir

Coloque os porcini de molho em ½ xícara (120ml) de água fervente por 10 minutos. Escorra, reservando o líquido, e pique.
No processador de alimentos, processe as cenouras, a cebola, os cogumelos-de-Paris e o alho até ficarem bem picadinhos.
Em uma panela grande, aqueça o azeite e refogue os legumes processados por 3-4 minutos ou até que amaciem. Junte as ervas, o molho de tomate e os porcini picado e cozinhe, mexendo de vez em quando, por 1 minuto ou até perfumar.
Acrescente o vinho, a água e o líquido reservado dos porcini, tempere com sal e pimenta do reino, reduza o fogo e deixe cozinhar por 5 minutos ou até que engrosse ligeiramente (parte do líquido vai evaporar). Junte o creme azedo e cozinhe por mais 2 minutos.
Enquanto isso, cozinhe o linguine em uma panela grande de água salgada até ficar al dente (siga as instruções da embalagem). Escorra, reservando um pouco da água do cozimento, e transfira o linguine para a panela com o molho, misturando para cobrir a massa com ele. Adicione um pouco da água do cozimento se necessário (eu não precisei fazer isso). Sirva com o parmesão ou pecorino ralado (usei o último).

* creme azedo (sour cream) caseiro: para preparar 1 xícara de creme azedo, misture 1 xícara (240ml) de creme de leite fresco com 2-3 colheres (chá) de suco de limão ou limão siciliano em uma tigela. Vá mexendo até que comece a engrossar. Cubra com filme plástico e deixe em temperatura ambiente por 1 hora ou até que engrosse um pouco mais (geralmente faço o meu na noite anterior e deixo sobre a pia – com exceção de noites extremamente quentes – coberto com filme plástico; na manhã seguinte o creme fica bem cremoso – leve à geladeira para ficar mais espesso ainda)

Rend.: 4 porções



quarta-feira, maio 07, 2014

Bolo de chocolate e marzipã e um trailer que me fez mudar de ideia

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Cocoa-marzipan pound cake / Bolo de chocolate e marzipã

Hoje de manhã fiquei sabendo que será lançada uma série sobre a vida do Comissário Gordon na era pré-Batman e confesso que logo de cara não me interessei muito, não; entretanto, depois de ver o trailer mudei de ideia completamente (ah, a alegria de um trailer bem montado!).

Estou ansiosa para ver como os vilões serão interpretados e fiquei especialmente impressionada com Robin Taylor – acho que nunca vi nada com ele, mas a cara de louco, o nariz e o cabelo são tão perfeitos para o Pinguim que o menino ganhou o meu coração na hora. Vou esquecer que Jada Pinkett Smith conseguiu ser péssima em menos de cinco segundos na tela e considerar este trailer perfeito. :)

E se estou disposta a esquecer um ou dois detalhes que não são tão bacanas no que vi até agora de “Gotham”, não faria o mesmo com a pasta de amêndoa que estava no meu freezer: sobrara um pouquinho depois de fazer os biscoitos da Sarah Carey e usei para preparar o bolo do David Lebovitz – como podem ver, assim como um seriado de TV a minha cozinha está cheia de celebridades. ;)

Bolo de chocolate e marzipã
um nadinha adaptado daqui

- xícara medidora de 240ml

1 ½ xícaras (210g) de farinha de trigo
½ xícara (45g) de cacau em pó sem adição de açúcar
1 colher (chá) de fermento em pó
¼ colher (chá) de sal
¾ xícara (200g) de pasta de amêndoa – usei caseira, receita aqui
1 xícara (200g) de açúcar cristal
1 xícara (226g) de manteiga sem sal, temperatura ambiente
2 colheres (chá) de Amaretto
1 colher (chá) de extrato de baunilha
4 ovos grandes, temperatura ambiente
½ xícara (120ml) de leite integral, temperatura ambiente
½ xícara de amêndoas em lâminas (opcional)

Pré-aqueça o forno a 160°C; unte com manteiga e enfarinhe duas formas de bolo inglês de 21cm.
Em uma tigela média, peneire juntos a farinha, o cacau, o fermento e o sal.
Na batedeira, bata a pasta de amêndoa e o açúcar até que a pasta fique em pedacinhos bem pequenos. Junte a manteiga e bata até obter um creme claro e fofo. Acrescente os ovos, um a um, batendo bem a cada adição e raspando as laterais da tigela. Junte o Amaretto e a baunilha.
Com uma espátula de silicone, misture metade dos ingredientes secos. Misture o leite, seguido do restante dos ingredientes secos.
Divida a massa entre as duas formas e alise a superfície. Salpique com as amêndoas. Asse por cerca de 45 minutos ou até que cresçam e firmem (faça o teste do palito)
Deixe esfriar completamente nas formas.

Os bolos podem ser guardados em temperatura ambiente por até três dias ou embalados com uma camada dupla de filme plástico e congelados por até 1 mês.

Rend.: 2 bolos, 8 porções cada – um conselho meu: não dividam a receita para fazer apenas um bolo; façam os dois, porque o danado é tão gostoso que vai acabar rapidinho e vocês se arrependerão de não ter feito os dois bolos de uma vez. :D

segunda-feira, maio 05, 2014

Cookies de Milky Way e chocolate amargo e um filme que oscila demais

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Milky Way and chocolate chip cookies / Cookies de Milky Way e chocolate amargo

Apesar de filmes e música serem vícios meus eu não gosto de musicais – com pouquíssimas exceções (o que me vem à mente agora é “Moulin Rouge”), me parece impossível curtir esse tipo de filme, não importa o quanto eu tente, como as quatro vezes em que tentei assistir a “Chicago”, sem sucesso (caí no sono em todas e nem cansada estava).

Ontem à noite, entretanto, dei uma chance a “Ritmo de Um Sonho” por me lembrar de todo o auê em torno do filme na época do lançamento e do quão elogiado Terrence Howard foi; ele está mesmo fantástico como Djay – e nunca esperei muito dele como ator – e foi maravilhoso ver um filme com um elenco basicamente todo negro (isso é tão raro!), mas no final fiquei meio dividida, naquelas de gostei/não gostei, e a razão para isso foi o filme ter oscilado demais: há cenas ótimas permeadas de cenas que não acrescentam nada à história ou foram escritas/encenadas de maneira pobre, e isso foi até o final. Não é um filme ruim, mas eu certamente esperava mais.

Cookies de gotas de chocolate, por outro lado, dificilmente desapontam e os da Jo Wheatley não são exceção – crocantes nas extremidades, macios no centro, eles são gostosos do começo ao fim, sem oscilação à vista.
A receita original pede por chocolate amargo apenas, mas depois de ter adicionado candy bars a brownies com este resultado achei que já era hora de fazer o mesmo com outro clássico, e ao provar um biscoito ainda morninho do forno soube que fizera a coisa certa. :D

Cookies de Milky Way e chocolate amargo
um nadinha adaptados do tão lindo A Passion for Baking

185g de manteiga sem sal, temperatura ambiente
200g de açúcar mascavo claro
125g de açúcar demerara
2 ovos grandes
2 colheres (chá) de extrato de baunilha
400g de farinha de trigo
1 colher (chá) de fermento em pó
1 colher (chá) de bicarbonato de sódio
1 pitada de sal
100g de chocolate amargo, picado – usei um com 70% de cacau
4 Milky Ways, picados – Snickers também servem

Pré-aqueça o forno a 180°C. Forre duas assadeiras grandes, de beiradas baixas, com papel manteiga*.
Com a batedeira, bata a manteiga e os açúcares até obter uma mistura cremosa e clara. Junte os ovos, batendo, e então raspe as laterais da tigela a cada adição. Junte a baunilha.
Em velocidade baixa, acrescente a farinha, o fermento, o bicarbonato e o sal e misture somente até incorporá-los. Ainda em velocidade baixa, incorpore o chocolate picado e os Milky Ways (se necessário, termine de misturar com uma espátula de silicone).
Coloque porções de 2 colheres (sopa) niveladas de massa por biscoito nas assadeiras deixando 5cm de distância entre uma e outra. Asse por 5 minutos, retire do forno e bata com a assadeira sobre a pia uma vez para achatar os biscoitos. Volte-os ao forno e asse por mais 6-8 minutos ou até que fiquem dourados nas extremidades.
Deixe esfriar nas assadeiras sobre uma gradinha.

* alguns pedacinhos de caramelo/nougat podem derreter e grudar no papel manteiga ao esfriar – para evitar isso, enquanto os biscoitos ainda estiverem quentinhos desgrude-os do papel com cuidado (se algum pedacinho escorrer para fora do biscoito agora é a hora de reformatá-los como círculos). Em um primeiro momento pensei em usar papel alumínio e assim evitar o problema, mas mudei de ideia pois o papel alumínio conduziria mais calor aos biscoitos tornando-os achatados demais

Rend.: cerca de 38 cookies grandes

sexta-feira, maio 02, 2014

Batatas hasselback com crostinha de limão siciliano e orégano, uma canção linda e coisas simples

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Hasselback potatoes with oregano and lemon crumbs / Batatas hasselback com crostinha de limão siciliano e orégano

Algumas canções tem sido favoritas minhas há tanto tempo que nem lembro mais e nunca me canso de ouvi-las.

Ouvia “Sweet Sixteen” ontem e fiquei pensando na beleza do arranjo da canção e do quão simples é, com poucos instrumentos. Ouvi a música, então, mais quatro ou cinco vezes seguidas, saboreando os acordes. É realmente linda (apesar da história triste por trás dela), uma canção que ouvi pela primeira vez quando ainda era menina e que tenho certeza de que ainda ouvirei quando for velhinha.

De tempos em tempos escrevo aqui sobre coisas simples e do quanto gosto delas. Acho que não é preciso muito para criar algo bonito como a canção do Billy Idol, e isso pode se aplicar à comida. Assim como bolos, adoro pratos salgados simples e os quero todos os dias, e acredito que dar um toque diferente a eles não altera sua essência – apenas os torna ainda mais gostosos.

Na receita de hoje a humilde batata, esse tubérculo que amo (o sangue alemão em minhas veias provavelmente tem alguma culpa por isso) é transformada em uma flor, com pétalas cheias de sabor. As batatas já ficariam uma delícia apenas assadas com azeite, sal e pimenta, mas a farofinha cítrica as deixa ainda mais especiais e irresistíveis.

Batatas hasselback com crostinha de limão siciliano e orégano
um nadinha adaptadas da sempre deliciosa revista Olive

8 batatas pequenas
azeite de oliva
1 colher (sopa) de orégano fresco, picadinho
2 colheres de (sopa) de farelo de pão – não use farinha de rosca; moa ou rale pão amanhecido
raspas da casca de 1 limão siciliano

Pré-aqueça o forno a 200°C.
Coloque cada batata dentro de uma colher de pau (por isso elas precisam ser pequenas) e corte fatias fininhas, parando quando a faca tocar a colher (não corte até o fim para não separar as pétalas de batata).
Coloque as batatas em uma assadeira e pincele com azeite – certifique-se de que o azeite escorra por entre as pétalas – e tempere com sal e pimenta do reino. Asse por 50 minutos.
Misture o orégano, o farelo de pão e as raspas de casca de limão e tempere com sal e pimenta do reino. Espalhe a farofinha sobre as batatas e volte-as ao forno por mais 10 minutos ou até que estejam macias e a crostinha doure.

Rend.: 4 porções